Em seu artigo’’Ilusão Enunciativa
na Canção’’ Luiz Tatit propõe que a semiótica da canção se apresenta
basicamente do sentido que nasce no encontro de elementos como letra e melodia.
Os gestos entoativos que Luiz Tatit
também compreende como um orientador do desenvolvimento da melodia explicando
que para que se haja eficácia da enunciação é preciso que se preserve os gestos
entoativos usados na fala cotidiana.
Compreendendo Semiótica Tensiva como
Semiótica Musical Tatit chama a atenção para a proximidade dos conceitos
utilizados na semiótica, por músicos como andamento, tonicidade e outros aspectos.
Para efeitos de sentido na canção,
Tatit enquadra alguns exemplos que se servem dos sentidos associados à
linguagem da canção por meio de
inflexões melódicas que reforçam a conexão dos enunciados com o enunciador. Os
marcadores discursivos como pronomes, flexões verbais, advérbios servem tanto
para aproximar quanto para se distanciar enunciador de enunciado, ou, sujeito
da enunciação e sujeito do enunciado, de modo que, na canção o compositor à luz
desses marcadores discursivos encontra a possibilidade de simular sua
participação, se aproximando ou se distanciando. À este processo dinâmico Luiz
Tatit reconhece como Embreagem Enunciativa, onde segundo Tati corresponde a um
dos principais efeitos de sentido na canção a Ilusão Enunciativa. Esse efeito
de distanciamento em que o artista consegue transformar o ‘’eu’’ em ‘’tu’’
promove no ouvinte uma falsa ideia de que ele, o intérprete fala de si mesmo
quando interpreta e incorpora a ideia central da melodia, confundindo o ouvinte
entre o que é real e o que é apenas ficção.
Nessa reconstrução de sentido em que
o ouvinte é levado em que ele não apenas ressignifica seu conceito da música
mas também se percebe no mesmo sentimento do intérprete justamente pela força
locutiva das canções, faz com que sejam diminuidas as fronteiras entre sujeito
do canto e sujeito do conteúdo cantado, intensificando assim uma ilusão
enunciativa.
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