A lógica da cultura: O convencimento sem razão
Rui Charles dos Santos
Numa fria tarde de terça a professora numa questão de uma de suas provas matemática pediu que seus alunos escrevessem ao lado de cinco figuras de laranjas a quantidade de frutas visualizadas e, portanto, os alunos deveriam escrever consequentemente cinco laranjas. Sem hesitar e por um prévio processo cultural a criança responde o que visualiza ficando explícito que a criança observado cinco laranjas não marcou seis nem mesmo sete, por justamente não ter visualizado nada além das cinco unidades das laranjas. Por uma questão lógica a criança sempre escreverá a quantidade de fato visualizada em que pese considerar apenas o que foi visto implicando assim um pensamento lógico, acreditar que algo existe, mas não simbolicamente, e sim quando fisicamente existir. Por vezes a contradição da crença no que fisicamente não existe se depara com o pensar lógico, cultivado e imposto pelo sistema social uma vez que o indivíduo perceba que tudo gire em torno da lógica e assim não podendo se desassociar. Por meio da cultura criamos identidade, nos socializamos e até mesmo somos levados a nos identificar com algo, a chamada ideologia. Num sistema social para não ser marginalizado nós como indivíduos somos desde cedo levados a de alguma forma defender alguma ideologia e desta forma partilhar num círculo social aquela ideologia dominante, mas sendo por diversas vezes distantes da realidade.
As coisas mudam de nome, mas continuam sendo religião conduzindo seus dogmas e ideologias ao querer do senhor que mesmo distante da realidade por diversos motivos são impossíveis de compreender sem o desenvolvimento de uma capacidade de senso crítico, mas de acordo com o que de fato lhe represente, faça sentido e assim exista.
Sujeitando se, concordando e aceitando tudo o que lhe é dito (mesmo que logicamente não faça sentido) o indivíduo muitas vezes por meio da fé até mesmo respeitando sua condição social provida pelo querer divino escrito certo, mas provavelmente em linhas tortas.
A relatividade da vida se mostra cada vez que refletimos de todo ponto de vista parta de interpretações diversas culturalmente disseminadas. A constatação se dá no momento em que lembramos da ida à missa em que espera se numa fila pela hóstia tendo esta um valor simbólico dado por convenções culturais em que acredita se estar presente o corpo de jesus de Nazaré. Pelo princípio do respeito também não se pode subjugar alguém como louco depois de considerar uma bolacha Cream Cracker como o corpo de Elvis, porém não foi Elvis que nos ensinaram como o messias, mas sim jesus de Nazaré.
Desta forma se voltarmos a Rousseau rapidamente nos damos conta de que da mesma forma que não nascemos maus, também não nascemos com nossas certezas e crenças, mas por um processo cultural somos levados a isto. Somos enquanto criança levados a pensar que as nuvens são de algodão para mais tarde nos darmos conta de quem são os donos da situação.
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