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O uso e o necessário exagero da imaginação no romantismo inglês

         Por vezes a capacidade de criação foi/é pela humanidade utilizada desde sua forma mais simples chegando ao exagero da criatividade humana. Este exagero, no entanto se mostra como algo necessário à medida que numa dualidade entre o cientificismo e o surrealismo os artistas busquem por meio de uma linguagem artística a contemplação da melhor forma de seus sentimentos mais profundos, dando voz ao que teoricamente não pode ser dito nem tão pouco ouvido, a voz do coração.
            A verdade para o artista se mostra diferente em essência da verdade buscada pelo cientista a medida que o cientista na busca da razão contemple o caráter lógico da verdade, ou seja, a beleza que para um romântico se mostra num desabrochar de flor aparece teoricamente diferente para o cientista que busca uma certeza lógica matemática. O romantismo desde seus primórdios busca (por meio da imaginação) o existir do algo mais entre o céu e a terra que se mostra como nossa capacidade humana da percepção de sentimentos partilhados por nós humanos, não distinguindo classe, sexo ou credo.
           Por meio da imaginação, dois dos principais romancistas ingleses(Wiliam Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge) escreveram a expressão mais importante do romantismo inglês Lyrical Ballads no ano de 1798, deixando um importante legado ao romantismo inglês fazendo uso e até o exagero da imaginação considerada como última formação ou poder criativo.
            Compartilham Coleridge e Wordsworth a ideia da imaginação com uma forma de habilitar nós humanos a uma reconciliação das oposições num mundo de aparências, arquétipos e subterfúgios, como afirma Coleridge em uma de suas frases de a imaginação ser uma espécie de ‘’intuição intelectual’’ em que se funda a emoção contrapondo-se a razão.
            Esta reconciliação dos opostos aparece no fazer artístico e mais precisamente pelo românticos uma vez que pensamentos opostos se unam numa dita sintetização do imaginário dando assim vazão à criatividade como um terreno fértil e com alto poder de subliminar as diferenças, sejam elas subjetivas ou de qualquer outra natureza, mas que por fim nos trazem a percepção de partilharmos das mesmas carências e desejos intrínsecos do sentimento humano.
          Em Lyrical Ballads Coleridge e Wordsworth, dois dos principais poetas do romantismo inglês que se utilizando da suprema faculdade da mente, a imaginação, enveredam pelos caminhos da poesia mas de forma peculiar, exortando de forma distinta a imaginação como uma transformação do real este que por sua incompletude desde sempre não satisfaz.
‘’Nós não apenas percebemos o mundo ao nosso redor,
mas por esta percepção, também o recriamos’’
(Wiliam Wordsworth)

         Wiliam Wordsworth encarando o contato com a natureza uma espécie de portal para uma aproximação maior com nosso eu mais profundo, se volta às questões humanas defendendo a ideia de que o mais simples ou a forma mais natural de lidar com as questões humanas seja a melhor forma de compreender como a imaginação é capaz de converter a verdade como seu tédio, pois dessa forma  assim como a natureza e tudo que é incompleto e incompreendido se mostra como o belo. Já Coleridge se refugiando se da nova ordem social promove uma espécie de retorno ao mundo mágico de um passado cheio de mistério, mas, sobretudo com um potencial imaginário.
           Contudo, percebemos a necessidade do exagero da imaginação pelos românticos ser necessária à medida que no uso da linguagem poética lancem mão do que não se pode ser dito por palavras, é quando este exagero se mostre fundamental para uma compreensão da poesia em seu sentido mais sublime, o sentido de ser um machado quebrando o gelo que há entre nós.

‘’Onde o verdadeiro amor queima o desejo é,
de amor, chama pura;
É o reflexo da nossa terrestre moldura.
Isto leva o seu significado
a parte mais nobre de doação.
E nos traduz a linguagem do coração.

(Samuel Taylor Coleridge)

  Faculdade de Letras, UFAL, Maceió, AL. Email: charlesarts@live.com

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