Resenha acadêmica ofertada à matéria de Organização do Trabalho Acadêmico
Leio,
logo existo.
Por:
Rui Charles dos Santos*
Soldatelli Pavianii Neires, Maria. O QUE
OS UNIVERSITÁRIOS PREFEREM EM TERMOS DE LEITURA. PPGEd/UCS
Universidade de Caxias do Sul.
Leio logo existo. Esta bem que poderia ser o
título do artigo desenvolvido pela doutoranda em educação na UCS Maria
Soldatelli que em seu artigo,(O QUE OS UNIVERSITÁRIOS PREFEREM EM TERMOS DE LEITURA) se debruça sobre alguns aspectos de leitura de universitários.
A pesquisa foi realizada no âmbito acadêmico com iniciantes e concluintes de
diversas áreas onde o que prevaleceu a princípio foi a ideia de que não há
possibilidades de se exigir de um individuo o perfil de leitor, sem mesmo este
ter sido exposto ao universo da leitura e sua necessidade para o intelecto
subjetivo, consoante a esta observação constatou-se também a importância do
incentivo à leitura no ambiente familiar. De acordo com a pesquisa um dos fatos
que contribuem para que o aluno seja avesso à leitura é no momento em que a
família se abstém de sua responsabilidade (o do incentivo à leitura) e assim delega
exclusivamente a responsabilidade para a escola que, já com tantos outros
objetivos precisa adequar seus procedimentos pedagógicos.
No ambiente acadêmico onde foi feita a
pesquisa, ficou evidente que, o aluno que já não praticava o hábito da leitura
para o desenvolvimento de seu senso crítico e intelecto, se depara com uma
carga de leitura distante da sua realidade, com termos desconhecidos e uma
cientificidade precisa ao conhecimento epistemológico. Maria Soldatelli também
defende em seu artigo a aliança entre sociedade, família e escola, de modo que
é justamente por não atuarem na mesma frequência que causam o colapso que
existe hoje no ensino superior, com egressos sem um discernimento necessário
para o desenvolvimento do pensamento científico.
O artigo de Maria Soldatelli também nos
mostra que a frequência na leitura possa também ocorrer como naturalidade pela
exposição involuntária na demanda pela leitura, mas que esta constatação (da
naturalidade na leitura) compreende uma frequência 16,8% superior em relação
aos concluintes contra 9,7% pelos iniciantes.
Penso que estudos como o da doutora Maria
Soldatelli que abordam o cotidiano da leitura por parte de alunos no ensino
superior, nos trazem de fato, elementos práticos na compreensão de como se dá o
interesse ou desinteresse pela leitura, mesmo no ensino superior onde o
intelecto, algo crucial inclusive na compreensão sócio subjetiva, precisa estar
em constante desenvolvimento.
A preferência e frequência da leitura por
entre os estudantes foram aspectos também observados no artigo de Maria
Soldatelli, de modo a compreender se o que eles (universitários) liam era mesmo
de seus interesses ou por mera exigência da graduação.
O resultado trouxe a compreensão de que os concluintes tiveram,
proporcionalmente, um desempenho levemente melhor em relação aos iniciantes, tendo a menor parte
alegado que em uma semana liam mais de um livro e que sim, liam com prazer. Com
isso a autora aponta a existência de certos tipos de leitores como sendo por
dependência ou autônomos, de modo que, por dependência se caracteriza o aluno
alheio à leitura e por autônomos os que justamente tinham a leitura como algo
prazeroso e recompensador. Assim, os entrevistados mostrando que nem tudo o que
leem é por prazer, nos trás a percepção de que a leitura quando ocorre, muitas
vezes seja pelo viés da necessidade e não pelo prazer, trazendo a definição
entre preferência e frequência.
[...]É possível,
então, que haja uma relação entre o desempenho em leitura e as categorias frequência
e preferência de leituras. A questão pode ser colocada,
inicialmente, dessa forma: de um lado, há o aluno como responsável imediato,
porque ele é quem faz as escolhas ou decide o que ler; e de outro, há a
universidade (professores, cursos, programas de ensino, etc.) com seu papel de
formar pessoas, profissionais competentes, cultos, versáteis intelectualmente e
sensíveis sócio culturalmente.
Referências:
COLOMER, T. Andar entre
livros: a leitura literária na escola. Trad. de Laura Sandroni, São Paulo:
Editora Global, 2007.
FOUCAMBERT, J. A
leitura em questão. Trad. Por Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes
Médicas,1994.
MUÑOZ, A. S. Prácticas
escolares de lectura y sugerencias didaticas para su entrenamiento y mejora.
In: BARBOSA, M.H.S. et al. (org.). Leitura, identidade e patrimônio
cultural. Passo Fundo: UPF, 2004.
PORCHIA, R. Vocês. Buenos
Aires: Edicial, 1989.
VANOYE, F. Usos de
linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
WOOD, Thomaz. (Resenha) A nova aliança: uma metamorfose da
ciência. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 34(1), p.100-101,
jan/fev 1994.
*Graduado no curso de
Letras na Universidade Federal de Alagoas – UFAL.
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