Definir o que é o artista certamente
vislumbra uma resposta presunçosa, bem como auspiciosa, tendo em vista o abstracionismo
entorno do fazer artístico. Toda vez que o artista encontra partes de si mesmo
em sua obra, essa dissociação (entre criatura e criador) se torna ainda mais
caótica e ao mesmo tempo complexa.
Fugindo
talvez de uma realidade que, portanto, não satisfaz o autor vai transferindo
para o leitor a interferência de sua vida em sua obra, ás vezes de modo sutil,
outras vezes não, pois nem mesmo Borges mostra saber onde começa sua trama e
nem onde termina o enlace.
Borges, pondo o ‘’outro’’ em questão, tece
uma tricotomia entre ele mesmo, seu trabalho e este ‘’outro’’como um terceiro
elemento entre o artista e sua obra, algo complexo, que segundo Borges implicaria
numa separação entre artista e sua arte.
No
texto, o autor ressalta também as marcas pessoais dele como artista em sua própria
arte, e que também não seria possível mensurar onde o autor não imprime suas
próprias percepções, num hostil e constante ciclo de revezamento em que um sai
de cena para que o outro exista.
Talvez disso venha o artista, dessa
vontade de mostrar ao mundo sua percepção do próprio mundo em si, com suas
interferências e possíveis sugestões de como poderia ser o mundo numa tentativa
audaciosa de reinvenção dentro de um sistema fechado em que nada se cria, nada
destrói e tudo se transforma.
Rui
Charles
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